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Cientistas de diversos países pedem cautela no uso do paracetamol durante a gravidez
Um grupo internacional de 91 cientistas publicou no final do mês de setembro uma declaração de consenso que emite um alerta e sugere recomendações para o uso do paracetamol por gestantes de todo o mundo.

O medicamento, usado para aliviar dor leve a moderada e reduzir a febre, é consumido por metade das grávidas do planeta e tem apresentado risco de alteração no desenvolvimento fetal, aumentando as possibilidades de distúrbios neurocomportamentais, reprodutivos e urogenitais (relativos aos órgãos genitais e urinários). A preocupação surge diante da isenção de prescrição do paracetamol na maioria dos países e o risco de gestantes o usarem sem a orientação médica é alto. Entre os autores da declaração, está o professor e pesquisador da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Anderson Martino Andrade.
O documento foi publicado na revista médica Nature Reviews Endocrinology e faz um trabalho de revisão dos estudos científicos dos últimos 25 anos. Os autores, apoiados por 91 cientistas e médicos de diferentes países, revisaram pesquisas observacionais em humanos, experimentos em animais e in vitro (estudo feito fora do organismo vivo). Como resultado, afirmam que os trabalhos existentes ainda não são conclusivos, mas demonstram ser preciso cautela no uso do paracetamol durante a gravidez, porque mostram danos ao desenvolvimento dos fetos.
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“Nesta Declaração de Consenso, resumimos pesquisas epidemiológicas e estudos com animais que têm examinado desfechos neurológicos, urogenitais e reprodutivos, associados a fatores maternos e uso de paracetamol na gestação. Com base nesta pesquisa, acreditamos que sabemos o suficiente para nos preocupar com os riscos potenciais de desenvolvimento associados à exposição”, relatam os pesquisadores na publicação.
O estudo foi liderado e assinado por 13 cientistas internacionais. Anderson Martino Andrade, que é um dos autores do documento, professor e pesquisador dos programas de pós-graduação em Fisiologia e em Farmacologia da UFPR, destaca que uma revisão das pesquisas já realizadas envolve olhar para estudos com seres humanos, em modelos animais e outros modelos experimentais para tirar conclusões mais seguras sobre a evidência encontrada.
Quem complementa é o pesquisador David Kristensen, da Universidade de Copenhagen, na Dinamarca. Ele é também um dos autores da declaração de consenso e afirma que quanto melhores as ferramentas utilizadas na pesquisa, mais forte será a conclusão. “Quando a exposição do paracetamol foi medida usando amostras biológicas em vez de relato materno de exposição, efeitos mais fortes foram observados. Portanto, devemos confiar nos estudos observacionais e experimentais em humanos (in vitro e in vivo, respectivamente)”.
Riscos ao uso sem cautela – Os estudos evidenciados no documento de consenso indicam que a exposição intrauterina ao paracetamol está possivelmente associada ao maior risco de alterações no neurodesenvolvimento, que é o aperfeiçoamento do sistema nervoso, incluindo motricidade, competências sensoriais e cognitivas, a comunicação e linguagem, comportamentos, emoções, entre outros. Além disso, também está relacionada a alterações reprodutivas e urogenitais.
Andrade exemplifica e cita alguns dos riscos citados pelo estudo internacional. São eles: transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), transtorno do espectro autista (TEA), má formação genial, criptorquidia (quando o testículo não desce ao escroto, que é a bolsa de pele que carrega órgão do sexo masculino), entre outros. “Apesar das incertezas em relação aos estudos, a crescente evidência sobre esses efeitos nos motivaram a fazer esse alerta a respeito dos possíveis riscos do paracetamol”, completa.
Segundo o artigo, um levantamento mundial mostra que metade das gestantes no mundo faz uso do paracetamol em algum momento da gravidez. Dessas, 8% relatam febre como motivo. Os pesquisadores ressaltam que no combate à alta temperatura corporal, a administração do medicamento não é o maior risco para o feto, uma vez que a febre pode ocasionar vários distúrbios, como doenças cardiovasculares na vida adulta.
No entanto, o problema é que a maior parte das mulheres que faz uso do paracetamol durante a gravidez o faz para combater a dor leve a moderada, como dores de cabeça, musculares, entre outras. O professor da UFPR salienta que em algumas circunstância é necessário fazer o uso do medicamento, mas é preciso orientação. “Às vezes é usado para combater uma dor leve ou um incômodo que poderia ser tratado não com medicamento, mas com outro tipo de terapia. Nesses casos, o paracetamol não deveria ser indicado”.
Recomendações dos cientistas – Os autores da publicação apresentam algumas recomendações e medidas de precaução para as mulheres grávidas. David Kristensen recomenda que as gestantes abandonem o uso do medicamento, a menos que haja indicação médica, e que minimize o risco usando a menor dose efetiva e pelo menor tempo possível. Além disso, sugere que consulte um médico ou farmacêutico se não houver a certeza de que o uso é indicado ou de consumir por um longo prazo. “Também acreditamos ser importante a educação, para aumentar a conscientização dos profissionais de saúde e gestantes sobre esses riscos, para que decisões informadas possam ser feitas”, salienta Kristensen.
Leia a matéria na íntegra no site do Bem Paraná